sábado, 14 de setembro de 2013

ROMPENDO O SILÊNCIO

PORQUÊ ESTE LIVRO

EIS O LINK PARA O LIVRO ROMPENDO O SILÊNCIO - SOBRE UMA PARTE TENEBROSA DA HISTÓRIA DO PAÍS.

ESCRITO POR CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA

http://www.averdadesufocada.com/images/rompendo_o_silencio/rompendosilencio.pdf



"Investigando por conta própria alguns casos, tive a oportunidade de conversar com guerrilheiras presas no DOI-CODI paulistano sob comando do próprio Ustra que me garantiram que ele jamais nelas tocou, reforçando os argumentos que desmentem Beth Mendes. Houve tortura no DOI? Provavelmente sim. Ustra foi um torturador? Pelos relatos que tomei, muito provavelmente não. O coronel tem um livro sobre o período que chefiou o DOI, chamado Rompendo o Silêncio e que precisa ser reeditado o mais rápido possível." - Sandro Guidalli, em Mídia sem Máscara [ 08-12-2002 ].
 Em primeiro lugar elevo meu pensamento a Deus. Peço a Ele que ilumine a minha mente. Que eu
seja sincero e relate unicamente a verdade, sem ofender ou caluniar a quem quer que seja. Sei o que é
ser caluniado. Que eu atinja os objetivos a que me propus quando decidi escrever este livro.
 Em segundo lugar dirijo meu pensamento ao meu querido irmão José Augusto Brilhante Ustra que,
jovem ainda, faleceu num acidente de carro. Advogado notável, grande tribuno, excepcional mestre.
Dedicou a sua vida ao Direito. Como defensor incansável da Justiça deixou marcas profundas na
Faculdade de Direito da Universidade Federal de Santa Maria, RS. Gostaria que ele estivesse aqui, ao
meu lado, aconselhando-me, orientando-me, ensinando-me a escrever e, sobretudo, a fazer Justiça.
 Escrevo este livro em respeito ao meu Exército e aos meus chefes os quais, principalmente, na
ocasião em que, sob suas ordens, combati o terror, sempre me apoiaram e me distinguiram. Durante
todo o tempo em que, como oficial do Exército, fui, formalmente, designado para dirigir um órgão de
combate a organizações terroristas, sempre procurei cultivar a virtude da lealdade aos meus superiores
hierárquicos, pares e subordinados. Isso, consegui cumprindo fielmente as ordens que me foram dadas,
sem nunca delas me ter afastado durante um momento sequer.
 Escrevo este livro em respeito aos meus companheiros do Exército, da Marinha, da Força Aérea,
das Polícias Civil e Militar que, em todo o Brasil, lutaram com denodo, com bravura, com coragem e
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 Escrevo este livro em respeito aos meus comandados no DOI/CODI/II Exército, a OBAN como
muitos o chamam. A vocês, meus abnegados e queridos comandados, que respondendo ao chamado da
Pátria não hesitaram em lutar com honra, com bravura, com coragem e com dignidade para extirpar o
terrorismo de esquerda que ameaçava a paz e a tranqüilidade do Brasil. A vocês que, cumprindo ordens
minhas, enfrentaram aqueles brasileiros fanatizados e tombaram sem vida ou que ficaram inutilizados
nessa “guerra suja”.
 Escrevo este livro em respeito às mães que perderam os seus filhos, às esposas que perderam seus
maridos e aos filhos que assistiram ao sepultamento dos seus pais, todos homens de bem que, no
combate ao terrorismo em todo o Brasil, entregaram suas vidas em benefício da Pátria. São todos eles
dignos, não só do meu reconhecimento, mas de toda a nação brasileira. Tenham a certeza de que seus
filhos, seus maridos e seus pais tombaram como heróis anônimos, jamais torturadores — como insistem
denominá-los alguns que anseiam por escrever a história como um panfleto, diferente da realidade.
 Escrevo este livro em homenagem aos meus pais, irmãos e à minha sogra pelo muito que sofreram
ante a incerteza e o perigo que cercavam a minha vida quando, durante mais de quatro anos, lutei
diariamente enfrentando o terrorismo.
 Escrevo este livro em respeito a ti, minha mulher, Maria Joseíta, pela angústia que sentiste e pelos
perigos que enfrentaste durante todos esses longos anos de luta. Pelas apreensões porque passaste ante
as ameaças de seqüestro de nossa primeira filha, naquela época com poucos anos de vida. Pela dor que
ainda passas quando hoje me acusam de ser um “vil torturador”.
 Escrevo este livro, Patrícia e Renata, para mostrar-lhes que seu pai — ao contrário do que formulam
as esquerdas radicais — durante um período da vida dele, lutou e comandou homens de bem, no
combate ao terrorismo, atendendo ao chamado do Exército Brasileiro, instituição à qual tenho orgulho
em pertencer e à qual, praticamente, dediquei toda a minha vida. Quero que vocês conheçam como lutei
com dignidade, com humanidade e como arrisquei a minha vida e, involuntariamente, até a de minha
família, nessa luta que não começamos, não queríamos e que, em hipótese alguma poderíamos perdê-la,
sob pena de termos a nossa Pátria subjugada a um totalitarismo de esquerda. Quero que vocês saibam
que sinto a maior honra em ostentar a Medalha do Pacificador com Palma, a mais alta condecoração
concedida pelo Exército Brasileiro em tempo de paz àqueles que cumpriram o seu dever com risco da
própria vida. Quero, finalmente, que vocês saibam que lutei com a mais absoluta convicção e que me
orgulho de ter sido um, dentre muitos, que dedicaram parte de suas vidas ao combate do terror.
 Escrevo este livro em respeito a mim mesmo, no momento em que sou caluniado, achincalhado,
vilipendiado, chamado de monstro e comparado com os assassinos nazistas que horrorizaram a
humanidade. Por isso tenho o dever de vir a público para esclarecer muitos fatos.
 Escrevo este livro por um dever de consciência ante os rumos que, pressinto, tendem a distorcer a
História do Brasil. Livros, artigos, depoimentos distorcidos, carregados de calúnias e de mentiras, estão
informando numa só via a consciência do povo e servindo de base inconteste aos nossos políticos e aos
nossos mestres. É preciso restabelecer a verdade. Jamais me perdoarei por omitir fatos que permitam
julgar, de forma isenta e imparcial, uma época da História do Brasil, onde se deram profundas
modificações na vida política e sócio-econômica.
 Não vou entrar em polêmicas ou debates ideológicos. Pretendo contar apenas aquilo que os jovens
desconhecem e alguns não querem relembrar.
 A esquerda, distorcendo os fatos, os conta a seu modo, visando assim a iludir a opinião pública,
procurando conquistá-la, fazendo-se de vítima.
 O objetivo deste livro é contar a verdadeira história sobre alguma coisa daquilo que ocorreu no que
alguns chamam “os porões da tortura”.
 Não pretendo passar a imagem de “bonzinho”. Lutei sempre com firmeza. Fui duro e enérgico
quando necessário. Porém, fui acima de tudo humano.
 Não se combate terrorismo com flores, mas com coragem, tenacidade e objetividade. E foi assim
que o combatemos, embora sempre tivéssemos em mente que estávamos lutando contra pessoas
humanas, algumas das quais por ideologia, por ignorância ou por fanatismo, praticaram os maiores e
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 A REVOLTA DE UMA MULHER
Carta manuscrita por minha mulher, como introdução de um álbum organizado por ela para
nossas filhas Patrícia e Renata.
 Montevidéu, 02 de outubro de 1985.
 Patrícia e Renata
 Este álbum é de caráter particular, exclusivamente para vocês, nossas queridas filhas. Nele pretendo,
através de pesquisas, procurar saber o nome das organizações subversivo-terroristas que atuaram na
época, de outubro de 1970 a dezembro de 1973, período em que o pai de vocês comandou o
DOI/CODI de São Paulo. Os atos de terror destas organizações, como assassinatos de pessoas
inocentes, atentados a bombas, assaltos a bancos, a quartéis, seqüestros, depredações e todo tipo de
terror daquela época. Pretendo mostrar-lhes, se conseguir, com pesquisas em jornais, o caos que se
tentava implantar no Brasil. Tentarei saber o que cada organização terrorista fez, os atos que praticou e a
guerrilha urbana e rural que se implantou no país.
 Estes terroristas obrigaram as Forças Armadas a se lançarem às ruas e aos campos, contra o inimigo
desconhecido que se escondia na clandestinidade.
 Os militares, para evitar danos maiores a inocentes, lutavam contra o tempo e o desconhecido. Eles,
terroristas, lutavam contra o claro, o conhecido.
 Deste combate participou o pai de vocês e lutou com honradez, honestidade e dentro dos princípios
de um homem bom, puro e honesto, assim como muitos outros. Só quem passou pelo martírio de ter
entes queridos envolvidos em uma luta que não iniciaram, nem procuraram mas que apenas cumpriram
com seu dever, manter a ordem no país, pode saber, como eu, os momentos de medo, incerteza, terror
que uma família passa. Só estas podem compreender a dor e o desespero de uma mãe e de uma esposa.
Telefonemas anônimos, perseguições, ameaças, morte de amigos em combate, a dor dos entes queridos
que, como nós, não tiveram a sorte de conservar com vida aqueles que amavam.
 Sei e lamento que outras pessoas também passaram pelos mesmos sofrimentos de perder entes
queridos, mas estes entes queridos, fanatizados, terroristas, começaram a guerrilha e os atos de terror.
Houve a guerra, e em uma guerra há mortos e feridos de ambos os lados, mas os militares não a queriam
nem a iniciaram. Eles foram e são preparados para defender o Território Nacional. Foram chamados a
agir e acabaram com o terrorismo no Brasil.
 O terror era tanto que quando tu, Patrícia, foste para o Jardim de lnfância, eu passei todo o ano, no
horário escolar, dentro do carro, na porta do colégio, pois não tinha condições psicológicas de ir para
casa. Recebíamos ameacas de morte, de seqüestro e todo tipo de guerra de nervos. Tive amigos mortos
e feridos em combate!
 Assim mesmo, nos “porões da tortura”, como eles chamam, onde “se ouviam gritos e se mostravam
presos mortos à pauladas” como eles dizem, participei e tu também, Patrícia, ainda que pequenina (3
anos) de uma pequena “obra assistencial” a algumas presas, mais ou menos seis, uma inclusive grávida.
Íamos quase todos os dias. Tu brincavas com algumas enquanto eu, com outras, ensinava trabalhos
manuais como tricô, crochê e tapeçaria. Passeávamos ao sol, conversávamos (jamais sobre política),
levava tortas para o lanche feitas pela minha empregada. Enfim, as acompanhávamos.
 Fizemos sapatinhos, casaquinhos, mantinhas para o bebê e com uma lista feita no DOI pelo “torturador” Ustra compramos um presente para o bebê. Ele nasceu no Hospital das Clínicas, se não me
engano em outubro de 1973 ou 1972 (verificarei depois), tendo o “centro de torturas” mandado flores à
mãe, e eu e tu, Patrícia, fomos vistá-los. Era um homenzinho lindo e forte.
 Minhas filhas, os aniversários delas eram sempre comemorados com bolos e festinhas. Os Natais e
Anos Novos jamais passamos em casa, durante os quatro anos que o pai de vocês comandou o DOI,
sempre foram passados lá (o pai, eu e tu, Patrícia, Renata não era nascida). Tu, Patrícia, às vezes a
pedido das presas, ficavas sozinha com elas. Daí o artigo que pode ser encontrado neste álbum
“Brinquedo Macrabro” do jornalista Moacyr O. Filho, que diz que teu pai te deixava com as presas que
acabavam de ser torturadas. Se fossem torturadas, como ele diz, como podiam ter bom relacionamento
com os integrantes do órgão e como podiam aceitar, e não só aceitar, mas reclamar a nossa presença,
quando por algum motivo, falhávamos um dia?
 Pena que não tivessem os integrantes do órgão, a malícia dos terroristas!... Porque, se tivessem,
fotografariam ou filmariam tudo, e casos como Bete Mendes (que não tive o desprazer de conhecer,
enquanto presa) seriamcomprovados como mentirosos.
 Sinto o nome de uma família inteira: pais, mães, sogros, irmãos, mulher e filhas, enxovalhados, e
como o militar não pode e não deve, por regulamento disciplinar do Exército, se defender, tomo eu,
exclusivamente eu, a iniciativa de deixar para vocês, nossas filhas, este álbum, de caráter particular, com
tudo que puder vir a reunir, além do Livro de Alteracões do pai de vocês, condecorações por arriscar a
vida, elogios, para que, como eu, se orgulhem, acima de tudo, de se chamarem BRILHANTE USTRA.
Um nome, cujo único erro cometido, foi cumprir com seu dever e, principalmente, cumprir bem: com
honra, com dignidade e humanidade, lutando sempre para evitar males maiores do que os que se
passavam no momento.
 Compartilho a dor dos pais, mães, parentes, enfim, dos que por infelicidade perderam seus entes
queridos, fanatizados por ideais que não me compete julgar, e que não deviam ter usado a violência para
tentar consegui-los, mas não posso deixar de me revoltar contra as calúnias jogadas sobre um homem
bom, como o pai de vocês.
 Beijos
Maria Joseíta S. Brilhante Ustra

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