Rosa Parks vai ser a primeira afro-americana com estátua no congresso dos EUA
Rosa Parks, a mulher que esteve na origem do fim das leis de segregação racial nos Estados Unidos, vai ser a partir de 27 de Fevereiro a primeira afro-americana a ter uma estátua no congresso norte-americano.
Os líderes dos dois partidos do Congresso anunciaram hoje que a estátua vai ser inaugurada no final do mês, numa cerimónia que vai decorrer na Salão Nacional das Estátuas do Capitólio.
A 1 de Dezembro de 2005, o então presidente George W. Bush assinou uma lei a instar o Congresso a erigir uma estátua de Rosa Parks.
Rosa Parks, uma costureira de 42 anos, questionou a 5 de Dezembro de 1955 num autocarro em Montgomery (Estado de Alabama), a diferenciação de lugares para brancos e negros definidos depois da guerra civil de 1861-1865.
Quando um homem branco disse a Rosa Parks para abandonar o assento onde estava, a mulher recusou e acabou presa e multada em 14 dólares.
A sua prisão originou um boicote de 381 dias do sistema de transporte público organizado por um ainda pouco conhecido pastor baptista, Martin Luther King, que viria a ganhar o Prémio Nobel da Paz em 1964.
Rosa Parks morreu em 2005, por causas naturais, aos 100 anos.
Rosa Parks, uma costureira de 42 anos, questionou a 5 de Dezembro de 1955 num autocarro em Montgomery (Estado de Alabama), a diferenciação de lugares para brancos e negros definidos depois da guerra civil de 1861-1865.
Quando um homem branco disse a Rosa Parks para abandonar o assento onde estava, a mulher recusou e acabou presa e multada em 14 dólares.
Rosa Parks morreu em 2005, por causas naturais, aos 100 anos.
Rosa Parks "Melhor andar com dignidade que rodar na humilhação"
Boicote ao transporte público segregado de uma cidade do Alabama foi o ponto de partida para solidificar a liderança de Martin Luther King na causa dos direitos civis nos EUA
Aos olhos e ouvidos de todo o mundo, a cena de um oceano de pessoas diante do Memorial Lincoln, na marcha de Washington em 1963, e os vibrantes discursos pela harmonia social e econômica nos Estados Unidos são as mais belas lembranças do que a soul force ("força da alma") de Martin Luther King era capaz de realizar. O maior feito de sua trajetória, contudo, é menos simbólico e muito mais prático. Ao lutar até o fim pelo direito de uma mulher negra se manter sentada em um ônibus de uma pequena cidade no Alabama, sem precisar entregar seu lugar a um passageiro branco, o até então desconhecido pastor batista desafiou o estado e conseguiu uma vitória impensável em um país ainda rachado pela segregação. Foi o primeiro passo de uma histórica jornada pela liberdade, que fez de King o grande líder da comunidade negra e um ícone da batalha ideológica pelos direitos civis ao redor do planeta.
Vitória no tribunal: com a mulher, Coretta, King comemora suspensão de condenação
Em 1º de dezembro de 1955, a costureira Rosa Parks recusou-se a ceder seu assento (na seção reservada aos negros) a um homem branco em um ônibus municipal de Montgomery, no Alabama, conforme determinavam as leis segregacionistas do estado. Informada pelo motorista que acabaria presa caso não repensasse sua decisão, a mulher de 42 anos preferiu ser levada para a cadeia - e, posteriormente, a julgamento. Sua prisão silenciosa fez o Conselho Político Feminino da cidade propor aos negros da cidade um dia de boicote aos ônibus municipais, na exata data em que Rosa Parks deveria comparecer ao tribunal, 5 de novembro. Sua esdrúxula condenação pelo júri levou à formação imediata da Montgomery Improvement Association (MIA), para coordenar as ações seguintes, incluindo a extensão do boicote e o questionamento legal da constitucionalidade da lei de segregação no transporte público. Para não melindrar nenhum ativista local, a presidência da entidade foi entregue a Martin Luther King, que desembarcara havia pouco na cidade como pastor da Igreja Batista da Avenida Dexter. O líder viu a missão como uma oportunidade de melhorar as relações entre as raças e, por tabela, a situação de Montgomery.
Naquela mesma tarde, King discursou para uma multidão reunida diante da Igreja Batista da Rua Holt, já revelando o poder retórico invejável que o faria célebre. "Quero assegurar a todos que trabalharemos com vontade e determinação para fazer prevalecer a justiça nos ônibus da cidade. Não estamos errados. Se estivermos errados, a Suprema Corte desta nação está errada. Se estivermos errados, a Constituição dos Estados Unidos está errada. Se estivermos errados, Deus Todo-Poderoso está errado." Já nesse primeiro encontro, o pastor pediu um compromisso pela não-violência no protesto, traço que marcaria todas as outras manifestações, assim como os valores da ética cristã propagados por King. Poucos dias depois, a MIA tornou pública suas reivindicações: ocupação dos assentos de acordo com a ordem de chegada do passageiro, motoristas negros em rotas predominantemente negras e tratamento cortês pelos funcionários.
O estopim: Rosa Parks é detida em 1956
Conspiração e multa - A prefeitura de Montgomery não atendeu aos apelos da entidade, que decidiu continuar o boicote. Motoristas de táxi negros organizaram-se para ajudar a comunidade, e foram penalizados pela prefeitura; com isso, organizou-se uma extensa rede de caronas que mobilizou mais de 300 carros. No início de 1956, bombas foram atiradas contra as casas de Martin Luther King e E. D. Nixon, outro líder negro local, sem deixar vítimas. Em fevereiro, invocando uma lei de 1921, que proibia a conspiração contra negócios lícitos, a prefeitura indiciou mais de 80 líderes e participantes do boicote. King foi condenado e teve de pagar uma multa de 500 dólares para evitar um ano de encarceramento. Apesar disso, o boicote continuou, e atraiu a atenção nacional. Pacifistas famosos como Bayard Rustin e Glenn Smiley passaram a aproximar-se de King e apoiar o movimento.
Em 5 de junho de 1956, uma corte federal enfim determinou que a segregação nos ônibus era inconstitucional, decisão ratificada em 13 de novembro pela Suprema Corte. Houve intensa comemoração entre a comunidade negra da cidade, mas a MIA decidiu manter o boicote e o sistema de caronas até que a dessegregação realmente fosse implantada no transporte de Montgomery. Um mês depois, em 20 de dezembro, Martin Luther King anunciou o fim do movimento; no dia seguinte, ele, E. D. Nixon, Glenn Smiley e o pastor Ralph Abernathy embarcaram em um ônibus já integrado. No total, foram 381 dias de boicote, com o apoio de mais de 42.000 negros. Rosa Parks, que no meio do processo perdeu seu emprego numa loja de departamentos, tornou-se alvo de hostilidades de segregacionistas e mudou-se para Detroit em 1957, onde segue envolvida com a causa. Atualmente empregada no gabinete do deputado John Conyers, Rosa, conhecida como a "mãe do movimento pelos direitos civis", perde um de seus principais parceiros, que seguiu pelo resto da vida o lema dos manifestantes: "Melhor andar com dignidade que rodar na humilhação."
Fonte: Abril
Folha Online - 25/10/2005
A costureira norte-americana Rosa Parks, considerada uma das principais responsáveis pelo movimento pela igualdade pelos direitos civis nos Estados Unidos, morreu na noite desta segunda-feira, em Detroit, aos 92 anos, por causas naturais. Ela morreu cercada por amigos, segundo Gregory Reed, seu advogado nos últimos 15 anos.
Há cinqüenta anos, Parks ficou famosa e ganhou o título de "mãe do movimento pelos direitos civis" ao se negar a ceder seu lugar para um passageiro branco em um ônibus em Montgomery, no Estado do Alabama. Na época, leis de segregação racial eram permitidas nos Estados Unidos. Era permitido, por exemplo, a separação entre negros e brancos em transportes e acomodações públicas ou restaurantes.
Ao recusar a ordem do passageiro branco, apesar das leis que a obrigavam a ceder sua vaga, Parks foi presa e multada, o que provocou a reação da comunidade negra local.
Durante uma entrevista em 1992, Parks tentou explicar seu ato: "Meus pés estavam doendo, e eu não sei bem a causa pela qual me recusei a levantar. Mas creio que a verdadeira razão foi que eu senti que tinha o direito de ser tratada de forma igual a qualquer outro passageiro. Nós já havíamos suportado aquele tipo de tratamento durante muito tempo".
Sua prisão provocou um boicote de 381 dias contra as companhias de ônibus locais, liderado por um então desconhecido pastor, o Reverendo Martin Luther King, que nos anos seguintes liderou o movimento pela igualdade de direitos civis.
O boicote, que ocorreu um ano depois do fim da segregação racial em escolas, marcou o início do movimento pela igualdade dos direitos civis, e que atingiu o auge em 1964, com a Lei Federal dos Direitos Civis, que baniu discriminação racial em todos os estabelecimentos públicos.
Em 1965, os 500 participantes de uma marcha pacífica rumo a Montgomery foram bombardeados com gás lacrimogêneo e depois violentamente espancados pela polícia.
Três semanas depois, Luther King conseguiu juntar 25 mil pessoas em uma nova marcha rumo à capital do Estado, pedindo o direito ao voto. Quatro meses depois, o presidente Lyndon Johnson assinou uma lei garantindo que os negros não fossem impedidos de se inscrever nas listas eleitorais.
Mudanças
Após ser solta, Parks teve dificuldade para encontrar trabalho no Alabama, e se mudou para Detroit em 1957, onde se tornou uma figura reverenciada pela população local.
Em 1999, durante o governo do democrata Bill Clinton, ela recebeu a Medalha de Ouro do Congresso, considerada a maior homenagem oficial do governo dos EUA concedida a civis, entre outras diversas honrarias.
O Museu Rosa Parks, inaugurado em novembro de 2000, lembra a briga desta mulher, com atrações como o ônibus de assentos "reservados para brancos" na parte central. Os visitantes também podem assistir a filmes que contam como era a vida dos negros na época da segregação racial.
{ marco inicial deste movimento se deu no sul eminentemente racista do país, na cidade de Montgomery, estado do Alabama, em 1 de dezembro de 1955, quando a costureira negra Rosa Parks ( “A Mãe dos Direitos Civis”) entrou num ônibus de volta para casa após um dia de trabalho e, estafada, sentou-se nos bancos da frente do ônibus, local proibido aos negros pelas leis segregacionistas do estado. Intimada a dar seu lugar a um passageiro branco e sentar no fundo do veículo, recusou-se, depois de uma vida inteira de submissão, e foi presa, julgada e condenada. Seu ato e sua prisão deflagraram uma onda de manifestações de apoio e revolta, além do boicote da população aos transportes urbanos, dando início, de forma prática, à luta da sociedade negra por igualdade com a sociedade branca perante as leis americanas.
Convocado pela liderança negra da cidade e com o apoio de diversos brancos, o boicote aos transportes públicos durou 382 dias, quase levando à falência o sistema urbano de transportes (a maioria dos passageiros era de negros pobres) e acabando somente quando a legislação que separava brancos e negros nos ônibus de Montgomery foi extinta.
Pioneira pela igualdade dos direitos civis nos EUA morre em DetroitConvocado pela liderança negra da cidade e com o apoio de diversos brancos, o boicote aos transportes públicos durou 382 dias, quase levando à falência o sistema urbano de transportes (a maioria dos passageiros era de negros pobres) e acabando somente quando a legislação que separava brancos e negros nos ônibus de Montgomery foi extinta.
Folha Online - 25/10/2005
A costureira norte-americana Rosa Parks, considerada uma das principais responsáveis pelo movimento pela igualdade pelos direitos civis nos Estados Unidos, morreu na noite desta segunda-feira, em Detroit, aos 92 anos, por causas naturais. Ela morreu cercada por amigos, segundo Gregory Reed, seu advogado nos últimos 15 anos.
Há cinqüenta anos, Parks ficou famosa e ganhou o título de "mãe do movimento pelos direitos civis" ao se negar a ceder seu lugar para um passageiro branco em um ônibus em Montgomery, no Estado do Alabama. Na época, leis de segregação racial eram permitidas nos Estados Unidos. Era permitido, por exemplo, a separação entre negros e brancos em transportes e acomodações públicas ou restaurantes.
Ao recusar a ordem do passageiro branco, apesar das leis que a obrigavam a ceder sua vaga, Parks foi presa e multada, o que provocou a reação da comunidade negra local.
Durante uma entrevista em 1992, Parks tentou explicar seu ato: "Meus pés estavam doendo, e eu não sei bem a causa pela qual me recusei a levantar. Mas creio que a verdadeira razão foi que eu senti que tinha o direito de ser tratada de forma igual a qualquer outro passageiro. Nós já havíamos suportado aquele tipo de tratamento durante muito tempo".
Sua prisão provocou um boicote de 381 dias contra as companhias de ônibus locais, liderado por um então desconhecido pastor, o Reverendo Martin Luther King, que nos anos seguintes liderou o movimento pela igualdade de direitos civis.
O boicote, que ocorreu um ano depois do fim da segregação racial em escolas, marcou o início do movimento pela igualdade dos direitos civis, e que atingiu o auge em 1964, com a Lei Federal dos Direitos Civis, que baniu discriminação racial em todos os estabelecimentos públicos.
Em 1965, os 500 participantes de uma marcha pacífica rumo a Montgomery foram bombardeados com gás lacrimogêneo e depois violentamente espancados pela polícia.
Três semanas depois, Luther King conseguiu juntar 25 mil pessoas em uma nova marcha rumo à capital do Estado, pedindo o direito ao voto. Quatro meses depois, o presidente Lyndon Johnson assinou uma lei garantindo que os negros não fossem impedidos de se inscrever nas listas eleitorais.
Mudanças
Após ser solta, Parks teve dificuldade para encontrar trabalho no Alabama, e se mudou para Detroit em 1957, onde se tornou uma figura reverenciada pela população local.
Em 1999, durante o governo do democrata Bill Clinton, ela recebeu a Medalha de Ouro do Congresso, considerada a maior homenagem oficial do governo dos EUA concedida a civis, entre outras diversas honrarias.
O Museu Rosa Parks, inaugurado em novembro de 2000, lembra a briga desta mulher, com atrações como o ônibus de assentos "reservados para brancos" na parte central. Os visitantes também podem assistir a filmes que contam como era a vida dos negros na época da segregação racial.
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