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ESTE VÍDEO FOI PUBLICADO EM 17 DE DEZEMBRO DE 2012
Nunca antes na história de sua existência centenária o Supremo Tribunal Federal foi tão respeitado pelo contribuinte como hoje. No julgamento do mensalão, o tribunal fez o que todos imaginavam que jamais seria feito no Brasil: igualou o criminoso graúdo ao pobre-diabo.
Depois de corrigir a cegueira, regular a balança e afiar a espada, o STF decidiu desafiar a sorte. Por cinco votos contra cinco está empatada a votação que poderá representar o casamento do Supremo com a glória ou sua reconciliação com o descrédito.
Na sessão desta quinta-feira, quem melhor resumiu a cena foi Marco Aurélio Mello: “Sinalizamos para a sociedade brasileira a correção de rumos, visando um Brasil melhor. Cresceu o Supremo como órgão de cúpula do Judiciário junto aos cidadãos. Mas estamos a um passo, ou melhor a um voto de desmerecer a confiança que no Supremo foi depositada.”
Voltando-se para o colega Celso de Mello, Marco Aurélio cutucou: “Que responsabilidade, ministro!” É do decano do STF o voto que decidirá se os mensaleiros vão para a cadeia imediatamente ou se terão direito de interpor um derradeiro recurso –o embargo infringente—, que pode levar à redução de penas e até à prescrição.
“A repercussão que isso terá é incomensurável”, lamuriou-se Gilmar Mendes. Num chiste, Marco Aurélio insinuou que o Supremo está prestes a entrar na linha de tiro das ruas: “Vossa excelência fique tranquilo, ministro Gilmar, porque eu soube que os vidros do plenário foram blindados.”
Se a votação está empatada é porque o tribunal se dividiu quanto ao nó da questão: são cabíveis os recursos modificativos contra decisões do plenário do STF, espécie de Olimpo do Judiciário? Os partidários do ‘não’ dispõem de argumentos bastante ponderáveis. O principal deles, exposto pela ministra Cármem Lucia e esmiuçado por outros colegas é o de que o STF passaria a ser o único tribunal superior a admitir os tais embargos infringentes. O STJ, onde são julgados, entre outros, os governadores de Estado, não os admite. No dizer de Marco Aurélio, “o sistema não fecha”.
Se é assim, pergunta a plateia aos seus botões, por que diabos a maioria dos ministros não opta pela solução mais lógica? Gilmar Mendes foi ao ponto: “Só há duas explicações possíveis para que as provas sejam reanalisadas pelo mesmo órgão julgador, ambas graves. Ou o trabalho custoso do já sobrecarregdo plenário é inútil ou joga-se com a odiosa manipulação da composição do tribunal”. E Marco Aurélio: “Talvez já não tenhamos o mesmo tribunal.”
Em debates como esse, a entrelinha por vezes grita mais do que a linha. O que Gilmar e Marco Aurélio disseram –sem declarar explicitamente— foi que os últimos ministros enviados por Dilma Rousseff ao Supremo deram ao plenário uma fisionomia mais, digamos, simpática aos mensaleiros.
Para usar expressões caras ao recém-chegado Luís Roberto Barroso: um julgamento que ficou “fora da curva” pode agora ser puxado para dentro da curva. Gilmar deu nome e sobrenome ao problema: José Dirceu. “O pano de fundo é a afirmação de que houve exasperação de penas. E o exemplo citado é a pena de 2 anos e 9 meses aplicada a José Dirceu no crime de quadrilha.”
Noutro julgamento recente, o do senador Ivo Cassol (PP-RO), os “novatos” Roberto Barroso e Teori Zavaschi alteraram com seus votos a maioria que se havia formado no julgamento do mensalão nas condenações por formaçõ de quadrilha. Com isso, o STF serviu a Cassol um refresco que, se forem aceitos os embargos infringentes, poderá ser estendido a mensaleiros como Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino..
Gilmar iluminou a incongruência. No caso do deputado-presidiário Natan Donadon, os desvios foram de R$ 8 milhões e o pedaço da sentença relativo à formação de quadrilha somou 2 anos e 3 meses. No escândalo do mensalão, disse Gilmar, os desvios foram de R$ 170 milhões, e a pena de quadrilha imposta ao “chefe” Dirceu foi de 2 anos e 9 meses. Comparando um caso com o outro, arrematou Gilmar, o episódio Donadon deveria ser analisado por um “Juizado de Pequenas causas.”
Afora o desafio ao bom senso, a aceitação dos embargos infringentes forçaria o STF a admiti-los em todas as outras ações penais que já tramitam nos seus escaninhos. Marco Aurélio injetou na sessão uma dose de realismo fantástico:
“Só eu tenho mais de 200 [processos] na fila do plenário, aguardando espaço na pauta. Tenho um processo que liberei há mais de dez anos para julgamento. E isso é uma frustração para o julgador. Há alguma coisa errada. Mas queremos ficar com o disco arranhado na mesma faixa.” É contra esse pano de fundo que metade do STF votou pela aceitação dos embargos infringentes.
Dono do voto que irá definir a parada na próxima quarta-feira, Celso de Mello deveria trocar no final de semana os compêndios jurídicos por um bom livro. Chama-se “Why Things Bite Back”. O autor é Edward Tenner. Há uma boa tradução para o português (“A Vingança da Tecnologia”, editora Campus, 1997). Tem 474 páginas.
A parte que mais interessa às togas do Supremo vai da página 22 à 25. Conta a experiência do major John Paul Stapp. Médico e biofísico, Stapp foi selecionado pela Força Aérea dos EUA como cobaia de testes para medir a resistência humana a grandes acelerações. Desafiou a velocidade pilotando um trenó com propulsão de foguete.
Em 1949, Stapp bateu o recorde de aceleração. Não conseguiu, porém, festejar o feito. Os acelerômetros do trenó-foguete não funcionaram. Desolado, Stapp encomendou ao engenheiro que o ajudava, o capitão Edward Murphy Jr., diligências para identificar a falha. Ele descobriu que um técnico ligara os circuitos do veículo ao contrário.
No relatório em que informa sobre a barbeiragem, o capitão Murphy Jr. anotou: “Se há mais de uma forma de fazer um trabalho e uma dessas formas redundará em desastre, então alguém fará o trabalho dessa forma”. Em entrevista a jornalistas, o major Stapp batizou de “Lei de Murphy” o diagnóstico do auxiliar. Resumiu-o assim: “Se alguma coisa pode dar errado, dará”.
Aplicada ao caso dos embargos infringentes, a “Lei de Murphy” ajuda a entender a atmosfera de descrédito que ameaça o STF. Podendo decidir de duas maneiras, Celso de Melo insinua que votará junto com a metade do Supremo que preferiu ligar os fios do julgamento do mensalão ao contrário.
ENTREVISTA COLETIVA DO MINISTRO JOAQUIM BARBOSA
RECURSOS DOS RÉUS
RÉUS PEDEM SAÍDA DO MINISTRO BARBOSA
COMO VOTOU CADA MINISTRO
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MINISTRO JOAQUIM BARBOSA
MINISTRO JOAQUIM BARBOSA
MINISTRO ROBERTO BARBOSA
MINISTRO ROBERTO BARBOSA
MINISTRO LUIZ FUX
MINISTRA CARMEN LÚCIA
MINISTRO MARCO AURÉLIO
MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI
CONFIAMOS NO SENHOR,MINISTRO?
Mensalão: Com placar empatado no STF, novo julgamento depende de Celso de Mello
Foram cinco ministros favoráveis aos embargos infringentes no mensalão e cinco contrários; Celso de Mello, decano da Corte, será o voto de minerva e sofre pressão para rejeitar a admissibilidade do recurso
Os ministros Gilmar Mendes e Marco Aurélio se manifestaram de maneira contrária à admissibilidade de embargos infringentes na Ação Penal 470, o processo do mensalão, e empataram a votação que, desde quarta-feira (11), movimenta o Supremo Tribunal Federal (STF). Até agora, cinco ministros votaram a favor e cinco contra. O desempate ficará a cargo do ministro Celso de Mello, decano da corte. O voto decisivo, contudo, só será conhecido na próxima quarta-feira, dia 18. Após a fala do ministro Marco Aurélio, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, encerrou a sessão.
O voto de Gilmar Mendes durou mais de uma hora. Durante sua fala, o ministro chegou a comparar o mensalão com os crimes cometidos pelo deputado federal Natan Donadon, condenado por peculato e formação de quadrilha. “Se comparado o mensalão com o crime de Donadon, cuja fraude é de R$ 8 milhões, esse caso teria que ser analisado num juizado de pequenas causas”. Para Mendes, “a formação de quadrilha [no caso do mensalão] se constituiu em um poderoso instrumento contra a administração pública, contra o sistema monetário nacional e a paz pública”.
“Os olhos da nação estão voltados para o Supremo”, declarou Marco Aurélio logo na abertura de seu voto, que também se estendeu por mais de uma hora. O ministro invocou as manifestações ocorridas no Brasil nos últimos meses de junho e julho para fundamentar seu voto. “O Supremo atua de forma contramajoritária? Atua, mas essa não é a regra, porque o direito é o bom senso. Quase sempre temos a harmonia entre os pronunciamentos do tribunal e os anseios legítimos da sociedade na busca de correção de rumos. E a sociedade, hoje, não é apática”.
A fala de Marco Aurélio mereceu aparte veemente do ministro Luís Roberto Barroso. “Não sou um juiz que me considero pautado pela repercussão, nem almejo ter manchete favorável nos jornais. Sou um juiz constitucional, me posiciono contra a opinião pública porque este é meu papel. Não julgamos para a multidão, e sim para pessoas. Não estamos subordinados à multidão, mas à Constituição”, disse Barroso, que ontem votou a favor da aceitação dos recursos.
Os réus que teriam direito a embargos infringentes são João Paulo Cunha, João Cláudio Genú e Breno Fischberg, condenados por lavagem de dinheiro, mas que obtiveram quatro votos a favor, e José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, Marcos Valério, Kátia Rabello, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz e José Roberto Salgado, condenados no crime de formação de quadrilha por seis votos a quatro. Simone Vasconcelos, também condenada por formação de quadrilha, teve sua pena prescrita. Confira como foi a votação até o momento, voto a voto:
Joaquim Barbosa (relator): contra
Luís Roberto Barroso: a favor
Teori Zavascki: a favor
Rosa Weber: a favor
Luiz Fux: contra
Dias Toffoli: a favor
Cármen Lúcia: contra
Ricardo Lewandowski: a favor
Gilmar Mendes: contra
Marco Aurélio: contra
Perfil de Celso de Mello no Facebook recebe, em poucas horas, milhares de pedidos de brasileiros
O perfil, que até hoje limitava-se a reproduzir algumas fotografias do ministro e frases por ele proferidas no STF, tornou-se rapidamente um canal de comunicação através do qual os brasileiros estão pedindo ao sr. Ministro que vote contra a admissibilidade dos embargos infringentes.
Veja algumas mensagens abaixo:
"Sr. Ex.mo. Ministro Celso de Mello, Por favor, em nome da honra, da ética e da dignidade, se aceitar os embargos recursais dos mensaleiros, não saberemos mais quais são os valores da justiça para a nossasociedade, e não sei o que falarei para meus filhos de 18 e 14 anos sobre a dignidade de ser BRASILEIRO".
"Boa noite Ministro... Vi e li na mídia que o voto do senhor já esta pronto e que vai manter sua posição, ou seja, vai votar a favor dos infringentes e dos mensaleiros? Pensei que tinha mudado de idéia e deixaria o seu nome gravado na história como o Ministro que decidiu o processo mais polêmico e importante da história do nosso país... e que pela primeira vez, o povo brasileiro poderia acreditar na justiça e ver os políticos corruptos que assaltaram a nação na cadeia e não no Congresso... Que lastima , se fizer isso vai estar matando a nossa última esperança de viver em um país melhor e mais decente , e essa culpa o senhor vai ter que levar para sempre... O povo que clama por justiça nunca o perdoará... Pense sobre isso Ministro Celso... Acompanhe o voto dos outros honrados Ministros e não os traidores da pátria e do povo, que estão jogando na lama a credibilidade do STF... Não deixe que tenhamos vergonha do senhor e nem da justiça brasileira, já tão Combalida e desacreditada... Contamos com o senhor a nosso favor e não contra nós".
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STF termina empatado em 5 X 5 por novo julgamento
Ficou nas mãos do mais antigo ministro da Corte - Celso de Mello - se os mensaleiros terão direito a novo julgamento. Decisão sai na próxima 4ª. Veja como foi a sessão de hoje
Resumo até aqui
Dos 11 ministros da Corte, 10 votaram até esta quinta sobre a validade dos recursos chamados de embargos infringentes, que permitem um novo julgamento a 12 dos 25 réus do mensalão. A questão segue inconclusa, já que houve empate (5 X 5).
Quem votou A FAVOR dos recursos
Quem votou CONTRA
Na semana que vem, quando o julgamento continua, as atenções do país estarão voltadas para o decano Celso de Mello. É ele na foto abaixo.
Foto: Felipe Sampaio/STF
Sessão termina em 5 X 5
Sessão acaba de ser encerrada pelo presidente da Corte, Joaquim Barbosa, empatada em 5 X 5. Celso de Mello, decano do Supremo, declarou que já tinha o seu voto (de minerva) pronto, mas o dará na semana que vem.
Obrigado por acompanhar a cobertura de EXAME.com com tudo que aconteceu na sessão desta quinta-feira no Supremo Tribunal Federal.
Voltaremos na próxima quarta, quando o Brasil vai descobrir, afinal, se 12 dos 25 réus terão direito aos recursos que, na prática, permitem um novo julgamento (isso para apenas um crime - Entenda).
Julgamento ficará mesmo para próxima 4ª
A decisão fica mesmo para a próxima semana. Parte dos ministros do STF integra também o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cuja sessão começa às 19h.
Não haveria tempo.
Ministros têm discussão por causa da "opinião pública"
Dois ministros travam uma pequena discussão.
Luís Roberto Barroso - que votou a favor dos recursos por um novo julgamento - e Marco Aurélio argumentam um contra o outro se decisão do STF depende das manchetes dos jornais.
Diz Barroso: "O que vai no jornal no dia seguinte não faz diferença se não for o certo.Tampouco me faz diferença a opinião pública. Fico feliz quando a decisão coincide. Mas se o que eu considerar certo e justo não coincidir (com a opinião pública), cumpro meu dever contra a opinião pública porque esse é o papel de uma corte constitucional".
Marco Aurélio discorda - diz que tem que dar conta ao contribuinte - e rebate: "Vejo que o novato (Barroso foi o último a entrar na Corte) parte para a crítica ao próprio colegiado, como partiu em votos anteriores".
Barroso procura reverter o mal-estar e pede desculpa aos colegas, se assim se fez entender em algum momento, e diz ao ministro Marco Aurélio: "Vossa Excelência tem minha estima pessoal e jurisdicional".
Marco Aurélio brinca com colega que vai desempatar
"Que responsabilidade, ministro Celso de Mello", brincou Marco Aurélio,se dirigindo ao colega, que dará o voto de minerva na questão.
Já Gilmar Mendes exaltou a responsabilidade do colega, mas de forma mais séria. "É preciso ter atenção com a repercussão disso para os jovens juízes que militam em todas as instâncias", disse.
"Temos 400 ações penais no Tribunal", lembrou Mendes, afirmando que seria um trabalho hercúleo se os embargos infringentes forem permitidos.
Ministro que desempatará vira Trending Topic do Twitter
Poucos brasileiros gostariam de estar no lugar de Celso de Mello. Pelo menos nenhum outro ministro da Corte gostaria. Recairá sobre seus ombros a decisão se 12 dos réus do mensalão terão direito a novo julgamento (se Marco Aurélio, que vota neste momento, confirmar posição contra recursos).
Ele, inclusive, está entre os assuntos mais comentados no Twitter, mostrando que brasileiros estão sintonizados não só no que acontece neste momento no julgamento, mas no que ainda vai acontecer.
Outros ministros já haviam entrado nos Trending Topics ontem e hoje, mas após votarem. Ou seja, os brasileiros se mostravam contra ou a favor dos votos. O aparecimento de Mello na lista é nada mais que uma expectativa - e das grandes.
Veja um exemplo:
Dirceu acompanha julgamento, mas sem clima de festa
Na semana passada, apartamento da família em SP ficou lotado de convidados.
É possível que decisão fique para semana que vem
Segundo informações do blog de Gerson Camarotti, do G1, o voto deMarco Aurélio seria o último desta quinta-feira. Ou seja, Celso de Mello - que desempatará a questão - decidiria apenas na próxima quarta-feira.
A informação teria sido repassada por um ministro, no intervalo da sessão em Brasília.
Vamos aguardar.
STF deve remar contra maré? Marco Aurélio responde
Marco Aurélio questiona colegas se a Corte deveria dar aos réus esse novo recurso.
"O Supremo atua de forma contramajoritária? Atua, mas essa não é a regra. Quase sempre nós temos harmonia entre pronunciamentos do Tribunal e anseios legítimos da sociedade na busca da correção de rumos. O STF atua de forma contramajoritária, mas no campo da exceção", afirmou.
Novo recurso pró-réus traria insegurança, diz ministro
"Em se tratando de direito fundamental, não cabe - sob pena de insegurança - alternâncias nas normas de regência", afirmou Marco Aurélio Mello.
Foto: Reprodução
Placar deve ficar empatado em 5 X 5
"Se minha consciência permitisse, não jogaria sobre os ombros - que entendo largos - a responsabilidade para uma definição da matéria pelo ministro Celso de Mello", afirmou Marco Aurélio, indicando que vai confirmar as expectativas de votar contra os embargos que favoreceriam os réus.
Com isso, placar ficará em 5 X 5. E Celso de Mello terá a responsabilidade de dar o voto de minerva.
Suspense na Corte
Marco Aurélio faz suspense: está recontando, em ordem cronológica, como o placar foi se alterando, voto a voto, desde ontem.
Até o momento, está 5 X 4 a favor do direito de parte dos réus de terem um novo julgamento.
Julgamento é retomado com Marco Aurélio
O ministro Marco Aurélio Mello começa a votar.
Foto: José Cruz/ABr
Novo julgamento teria poderes limitados - Entenda
Embora venha se falando em novo julgamento, é preciso esclarecer que os recursos chamados embargos infringentes têm alcance limitado. Não significa, por exemplo, que todo o trabalho feito até aqui seria desconsiderado.
Como exemplo, peguemos o réu José Dirceu.
A pena total foi de 10 anos e 10 meses de prisão, sendo 7 anos e 11 meses por corrupção passiva e 2 anos e 11 meses por formação de quadrilha.
Se os recursos forem aceitos, o STF reanalisará apenas a condenação por formação de quadrilha. Ou seja, ele manterá, de qualquer jeito, os 7 anos e 11 meses.
Como a Corte está com uma nova composição, ele poderia ter a pena mantida, alterada ou até ser absolvido. Mas de apenas um crime. Dos outros 11 réus que podem vir a se beneficiar, 9 estão em situação parecida, incluindo José Genoino e Delúbio Soares.
Resumo até aqui
- Gilmar Mendes votou contra os recursos que permitem novo julgamento
- Ricardo Lewandowski votou a favor;
- Cármem Lúcia votou contra;
- Dias Toffoli votou a favor ontem;
- Luiz Fux votou contra ontem;
- Rosa Weber votou a favor ontem
- Teori Zavascki votou a favor ontem;
- Luís Roberto Barroso votou a favor ontem;
- Joaquim Barbosa votou contra na semana passada.
- Ricardo Lewandowski votou a favor;
- Cármem Lúcia votou contra;
- Dias Toffoli votou a favor ontem;
- Luiz Fux votou contra ontem;
- Rosa Weber votou a favor ontem
- Teori Zavascki votou a favor ontem;
- Luís Roberto Barroso votou a favor ontem;
- Joaquim Barbosa votou contra na semana passada.
Faltam só dois votos
Nove ministros já votaram. Faltam as decisões de apenas dois: Marco Aurélio Mello e o decano Celso de Mello.
As evidências são de que o primeiro, Marco Aurélio, votará contra os recursos que beneficiam os réus.
Ou seja, com um possível empate a 5 X 5, o mais antigo ministro da Corte terá de dar um voto de minerva. Mas Marco Aurélio ainda pode surpreender.
Intervalo na sessão
O presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, suspende a sessão, que deve ser retomada em 30 minutos.
Placar vai a 5 X 4, ainda com vantagem por novo julgamento
Após longo voto, Gilmar Mendes finaliza e decide contra os embargos que permitiriam um novo julgamento. Ele diz temer que, caso processo não termine logo na Corte, novos ministros irão se aposentar, tal qual aconteceu com Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto, que só participaram de parte da ação penal.
Para Gilmar Mendes, todos direitos foram garantidos
Gilmar Mendes continua a votar, lembrando que foram 53 sessões de julgamento no mensalão.
"A admissão dos embargos infringentes significaria reiniciar, sem amparo normativo, todas as complexas questões debatidas por exaustivos seis meses sob amplo escrutínio das partes, do Ministério Público e da imprensa", afirmou.
Piada
Comentário de Gilmar Mendes - de que, comparado a mensalão, Natan Donadon deveria ser julgado no tribunal de pequenas causas - começa a virar piada nas redes sociais.
Natan Donadon teve o mandato preservado pela Câmara dos Deputados há algumas semanas.
Final poderá ser emocionante
Com o voto contrário de Gilmar Mendes aos novos recursos - o que ele deve confirmar oficialmente em instantes - o placar ficará 5 X 4, ainda favorável ao novo julgamento.
Faltarão votar então Marco Aurélio Mello e Celso de Mello.
Se Marco Aurélio realmente decidir também contra os embargos infringentes, como ele já deu indícios, o desempate (do 5 X 5) ficará a cargo mesmo é do decano Celso de Mello, jurista muitíssimo respeitado pelos colegas.
É ele na foto abaixo.
Foto: José Cruz/ABr
Para ministro, Donadon é peixe pequeno comparado à mensalão
"Se comparado o mensalão com o crime de Donadon (cujos desvios foram da ordem de 8 milhões de reais), esse caso (do Donadon) deveria ser analisado num juizado de pequenas causas", afirmou Gilmar Mendes.
Natan Donadon foi condenado pelo desvio de mais de oito milhões de reais da Assembléia Legislativa de Rondônia. Gilmar Mendes afirmou que a Procuradoria encontrou mais de 170 milhões movimentados no mensalão.
Ministra entra no Trending Topics do Twitter
O voto contra os recursos da ministra Cármen Lúcia - ou seja, desfavorável aos réus - acabou de colocá-la entre os assuntos mais comentados noTwitter, o que durou alguns minutos.
A maioria dos tuítes favoráveis a ela, como este abaixo:
Gilmar Mendes dá um voto incisivo contra os réus condenados. Defende que, dada a gravidade dos delitos, não se pode falar que penas foram altas.
Foto: Reprodução
Gilmar Mendes chama mensaleiros de "grupo de delinquentes"
Como a maior parte dos réus - incluindo José Dirceu, José Genoino e Delúbio - iriam recorrer contra o crime de formação de quadrilha, Gilmar Mendes tenta desconstruir o argumento de que eles merecem novo julgamento neste caso específico. Ele cita o decano Celso de Mello em seu voto.
"Nada se mostra mais lesivo aos valores que formam a ordem democrática e republicana do que a presença, na condição do Estado, de altos dirigentes governamentais e partidários integrantes de quadrilha, formada para corromper o poder", citou.
"Um grupo de deliquentes que degradou a atividade política", diz, ainda citando o decano;
Com Lewandowski, placar fica 5 X 3 a favor dos mensaleiros
"Ainda que pudessem aspirar dúvidas quanto a esse intrumento de defesa, estas teriam que ser resolvidas em favor do réu", sentencia Lewandowski, já finalizando seu voto a favor dos recursos que permitem um novo julgamento para parte dos condenados.
Foto: Reprodução
Julgamento alcançaria 2014 com recursos
Analistas avaliam que julgamento poderia durar até 2014 se recursos forem aceitos. O ministro Marco Aurélio Mello disse que duraria pelo menos mais cinco meses. Alguns juristas vislumbram até mesmo o fim do ano que vem.
Quais os dois lados da questão?
Lewandowski acaba de defender que a Lei 8.038/1990 não revogou a existência dos embargos infringentes previstos no Regimento Interno do STF. Explica-se:
1 - O Regimento Interno da Corte de 1980 - antes da Constituição de 1988, portanto, mas validado por ela - prevê esse tipo de recurso (em seu artigo 333). Ou seja, os réus do mensalão teriam direito a ele.
2 - Já a Lei 8.038/1990, que rege o funcionamento do STJ e STF, não prevê os embargos infringentes.
Os ministros, em pleno juridiquês, debatem se uma coisa tem mais validade que a outra, ou se uma revoga a outra, e por aí vai.
Lewandowski deve votar de forma favorável a réus
"Os embargos infringentes, ao contrário do que muito acenam, não constituem nenhuma extravagância jurídica", diz Lewandowski, indicando que vai aceitar os novos recursos, como era esperado.
Ele elogia o voto de Rosa Weber, que foi a favor dos embargos.
Lewandowski vota neste momento
Voto de Ricardo Lewandowski tem mais de 40 páginas. "Mas não lerei", ele avisa.
Foto: José Cruz/ABr
Ricardo Lewandowski é próximo a votar
Ministros debatem questões jurídicas neste momento. Próximo a votar será Ricardo Lewandowski, cujo voto é dado por analistas como certo pela aceitação dos novos recursos.
Quem receberia um novo julgamento?
Veja quem será beneficiado caso a Corte realmente aceite os embargos infringentes:
Formação de quadrilha
José Dirceu (na foto abaixo)
José Genoino
Delúbio Soares
Marcos Valério
Kátia Rabello
Ramon Hollerbach
Cristiano Paz
José Roberto Salgado
Simone Vasconcelos
José Genoino
Delúbio Soares
Marcos Valério
Kátia Rabello
Ramon Hollerbach
Cristiano Paz
José Roberto Salgado
Simone Vasconcelos
Lavagem de dinheiro
João Paulo Cunha
João Cláudio Genú
Breno Fischberg
João Cláudio Genú
Breno Fischberg
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Placar está em 4 X 3
Apesar do voto contrário de Cármen Lúcia contra a possibilidade de mais recursos, os infringentes continuam vencendo. Placar está 4 X 3.
A discussão hoje é eminentemente de interpretação jurídica. A própria ministra reconhece que há "ótimos argumentos" para dizer que não há restrição a esse tipo de embargo, como defenderam outros ministros.
Foto: Reprodução
Cármen Lúcia deve negar infringentes
Cármen Lúcia acaba de indicar que não deve aceitar infringentes.
Por que os infringentes podem mudar alguma coisa?
Ao contrário dos embargos de declaração, que foram avaliados até semana passada e servem para esclarecer pontos obscuros ou omissos do julgamento, os embargos infringentes permitem a reanálise de provas e evidências.
Eles só são possíveis quando os réus foram condenados com votos favoráveis de 4 ministros.
O STF conta hoje com dois magistrados que não votaram no julgamento do ano passado - Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso.
Como parte das condenações ocorreu por placar de 4 X 5 ou, em alguns casos, 4 X 6, eles têm peso para mudar o entendimento do Supremo pela condenação ou, se não isso, alterar as penas.
Isso, claro, trata-se de uma possibilidade, mas que causa apreensão na sociedade sobre o que aconteceria em uma nova rodada.
"Todos têm direito ao devido processo legal", diz ministra
"Estamos todos de acordo em um ponto: todo cidadão tem direito ao devido processo legal, e por isso mesmo o que estamos a discutir é se haveria cabimento dos embargos no ordenamento jurídico", afirma ministra.
Cármen Lúcia começa a votar
Primeira ministra a votar hoje, Cármen Lúcia começa a se dirigir ao plenário.
Ela afirma que o caso não tem precedentes na Corte. "Digo isso para não ficar a impressão que haveria mudança de tendências", diz, sem ainda entregar qual será sua decisão.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Quem falta votar?
Cinco ministros votam hoje: Celso de Mello, Marco Aurélio Melo, Cármem Lúcia, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes.
Seis votaram ontem:
- Dias Toffoli, Rosa Weber, Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso, a favor da existência dos embargos infringentes.
- Luiz Fux e Joaquim Barbosa (este na semana passada) votaram contra.
Foto: José Cruz/ABr
A sessão de ontem
Ontem, o julgamento acabou 4 X 2 a favor dos embargos infringentes que, na prática, permitem um novo julgamento para 12 réus em crimes específicos. Veja como foi a sessão de ontem, minuto a minuto:
Julgamento deve começar em instantes
EXAME.com cobrirá em tempo real o julgamento do mensalão nesta quinta-feira. Ministros devem dar início aos trabalhos daqui a pouco.
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