domingo, 15 de setembro de 2013

MARTIN LUTHER KING: "A LUTA É MINHA VIDA!



“A luta é minha vida” discurso de Nelson Mandela em 26 de junho de 1961

Em carta de 1961, com o CNA proscrito, Mandela anuncia os planos de luta contra o apartheid
Carta deixada pelo líder, Nelson Mandela, em 26 de junho de 1961, explicando sua decisão de continuar com o ativismo político depois de o Congresso Nacional Africano (ANC) ter sido proibido pelo governo sulafricano. Mandela convoca seu povo a resistir às violências da minoria branca, exorta a comunidade internacional a reagir e afirma que sua escolha é “lutar pela liberdade até o fim” de seus dias
.
A magnífica resposta ao apelo do Conselho Nacional de Ação para uma greve de três dias e o maravilhoso trabalho feito pelos organizadores e trabalhadores do campo por todo país prova novamente que nenhum poder na Terra pode parar um povo oprimido determinado a ganhar a própria liberdade. Diante de uma intimidação sem precedentes do governo a empregadores e de falsidades grosseiras e distorções por parte da imprensa, imediatamente antes e durante a greve, as pessoas da África do Sul amantes da liberdade deram um gigante e sólido apoio às resoluções históricas e desafiadoras da Conferência de Pietermaritzburg. Trabalhadores de fábricas e escritórios, empresários na cidade e no campo, estudantes em universidades, escolas primária e secundária, inspirados por um patriotismo genuíno e ameaçados pela perda de empregos, o cancelamento de alvará de funcionamento e a ruína das carreiras escolares, despertaram para a ocasião e gravaram em tom enfático a oposição à república Branca, imposta à força pela minoria. À luz do conjunto formidável de forças hostis que estavam contra nós e as condições difíceis e perigosas em que nós trabalhamos, os resultados são os mais inspiradores. Estou confiante de que se nós trabalharmos mais e de forma mais sistemática, o governo Nacionalista não vai sobreviver por muito tempo. Nenhuma organização no mundo poderia ter resistido e sobrevivido ao bombardeio maciço e em grande escala dirigido a nós por parte do governo durante o último mês.
Na história de nosso país, nenhuma campanha política já havia merecido a atenção séria e de respeito que o governo Nacionalista nos deu. Quando um governo procura reprimir uma manifestação pacífica de um povo desarmado, mobilizando os recursos completos do Estado, ele reconhece o apoio poderoso da massa. Pode haver alguma outra evidência que prove que nos tornamos um poder para ser lembrado e a mais forte oposição ao governo? Quem pode negar o fato de que, desde o final do mês passado, a questão que tem dominado a política sul-africana não são as celebrações republicanas, mas nossos planos de greve geral?
Hoje é 26 de junho, um dia conhecido em todo cumprimento e largura de nosso país como Dia da Liberdade. Neste dia memorável, nove anos atrás, 8.500 de nós, dedicados lutadores pela liberdade,  deferimos um poderoso golpe contra as repressivas políticas de cor do governo. A coragem incomparável deu a eles o apreço e afeição de milhões de pessoas aqui e de fora. Desde então, tivemos várias campanhas em agitação nesta data e foi observado por centenas de milhares de nosso povo como um dia de dedicação. É apropriado que neste dia histórico eu possa falar a vocês e anunciar novos planos para a abertura da segunda fase da luta contra a República Verwoerd, e por uma Convenção Nacional.

mandela poster

O famoso poster, criado por Mickey Patel, mostra Mandela na época de seu ativismo político e traz uma legenda de Fidel Castro: “Condenam-me. Isso não importa. A história me absolverá”. Arte: Centro de Memória Nelson Mandela

No momento atual é suficiente dizer que nós planejamos fazer o governo impossível.  Daqueles que não podem votar não se pode esperar o pagamento de impostos a um governo que não é responsável por ele. Não pode ser esperado de pessoas que vivem na pobreza e na fome o pagamento de aluguel exorbitante ao governo e autoridades locais. Nós fornecemos os tendões da agricultura e da indústria. Nós produzimos o trabalho em minas de ouro, diamantes e carvão, das fazendas e indústria, em retorno por salários miseráveis. Por que nós deveríamos continuar enriquecendo aqueles que roubam os produtos de nosso suor e sangue? Aqueles que nos exploram e nos recusam o direito de organizar sindicatos? Aqueles que ficam do lado do governo quando encenamos manifestações pacíficas para afirmar as nossas revindicações e aspirações? Como os africanos podem servir em Conselhos Escolares e comitês que fazem parte da Educação Bantu, um esquema sinistro do governo nacionalista para privar os povos africanos da verdadeira educação em troca de educação tribal? Pode-se esperar que o povo africano contente-se em servir em conselhos consultivos e Autoridades Bantu, quando a demanda em todo o continente africano é para a independência nacional e autogoverno? Não é uma afronta aos africanos que o governo possa agora estender Autoridades Bantu às cidades, quando pessoas nas áreas rurais se recusaram a aceitar o mesmo sistema e lutaram contra isso com unhas e dentes? Qual africano não morre de indignação quando milhares de nosso povo são enviados à prisão todos os meses, por leis cruéis de passagem? Por que deveríamos continuar a carregar esses emblemas de escravidão? A não colaboração é uma arma dinâmica. Nós devemos recusar. Nós devemos usar isso para levar esse governo ao túmulo. Isso deve ser usado vigorosamente e sem demora. Todos os recursos dos negros devem ser mobilizados para retirar toda a cooperação com o governo Nacionalista.  Várias formas de ação industrial e econômica serão usadas para minar a economia já cambaleante do país. Nós vamos chamar os organismos internacionais para expulsar a África do Sul e vamos chamar as nações do mundo para romper relações diplomáticas e econômicas com o país.

Eu fui informado que o meu mandado de prisão já foi expedido e que a polícia está procurando por mim. O Conselho Nacional de Ação deu atenção integral à questão, e procurou o conselho de muitos amigos e organismos e eles me aconselharam a não me render. Eu aceitei este conselho e não vou me entregar a um governo que eu não reconheço. Qualquer político sério vai perceber que sob as condições de hoje neste país, buscar o martírio barato me entregando à polícia é ingênuo e criminal. Nós temos um programa importante pela frente e é importante realizá-lo de forma muito séria e sem demora.

Eu escolhi este último caminho, que é muito mais difícil e possui muito mais riscos e privações do que sentar na prisão. Eu tive que me separar da minha querida esposa e filhos, da minha mãe e irmãs, para viver como um fora da lei na minha própria terra. Eu tive que fechar o meu negócio, abandonar a minha profissão e viver na pobreza e miséria, como muitas pessoas estão fazendo. Eu vou continuar a agir como porta-voz do Conselho Nacional de Ação durante a fase que se desdobra e nas batalhas difíceis que vêm pela frente. Eu vou lutar contra o governo lado a lado com você. Palmo a palmo, milha a milha, até que a vitória seja alcançada. O que você vai fazer? Você vai se unir a nós ou vai cooperar com o governo e seus esforços de reprimir as revindicações e aspirações de nosso povo? Ou você vai permanecer em silêncio e neutro na questão de vida ou morte para o meu povo, nosso povo? Eu fiz a escolha de minha parte. Eu não vou abandonar a África do Sul, nem vou me render. Somente através de provisões, sacrifícios e ação militante a liberdade pode ser conquistada. A luta é minha vida. Eu vou continuar a lutar por liberdade até o fim dos meus dias.”
assinatura mandela















Na História, 28 de agosto de 1963, há 50 anos acontecia Marcha em Washington DC

king6

Há 50 anos, no dia 28 de agosto de 1963, mais de 200 mil norte-americanos se juntaram à marcha na capital americana, Washington DC, exigindo justiça igual para todos os cidadãos perante à lei.
O fotojornalista americano Leonard Freed registrou o evento, e suas fotos estão no aclamado livro 'This is the Day: The March on Washington'.

Naquele dia, uma multidão inter-racial ouviu Martin Luther King fazer seu famoso discurso "I have a dream" ("Eu tenho um sonho"), prevendo uma época em que a liberdade e a igualdade para todos se tornariam uma realidade nos Estados Unidos.

Em 1964, o Congresso americano aprovou a Lei dos Direitos Civis, que proíbe todas as formas de discriminação contra as minorias raciais, étnicas, nacionais e religiosas, e também a discriminação contra as mulheres.
Para marcar o 50º aniversário da marcha histórica, as fotos de Freed, junto ao trabalho de fotógrafos afro-americanos, estão em exposição na Biblioteca do Congresso e na Biblioteca do Memorial Martin Luther King, Jr., em Washington DC.



  • Clique para ampliar
  • Clique para ampliar
  • Clique para ampliar
  • Clique para ampliar
  • Clique para ampliar
  • Clique para ampliar
  • Clique para ampliar
  • Clique para ampliar
  • Clique para ampliar
  • Clique para ampliar
  • Clique para ampliar
  • Clique para ampliar
  • Clique para ampliar

Só ficaremos satisfeitos quando a justiça rolar como água, diz Martin Luther King

martin
Em 28 de agosto de 1963, o ativista político americano Martin Luther King Jr., pastor e líder do movimento dos direitos civis dos negros, proferiu o discurso "Eu Tenho um Sonho" durante a marcha de Washington, uma manifestação pelo fim da segregação racial que reuniu milhares de pessoas.

Morto quase cinco anos depois por um tiro de rifle, quando estava na varanda de um hotel no Tennessee --Estado com políticas de segregação racial--, King se tornou ícone dos pacifistas ao redor do mundo, e suas palavras viraram referência nas mais diversas causas.
Veja e leia a íntegra do discurso:

Os comentários são de Carlos Eduardo Lins da Silva e a tradução, de Clara Allain.

'EU TENHO UM SONHO'
MARTIN LUTHER KING JR.

Estou feliz em me unir a vocês hoje naquela que ficará para a história como a maior manifestação pela liberdade na história de nossa nação.
Cem anos atrás um grande americano, em cuja sombra simbólica nos encontramos hoje, assinou a proclamação da emancipação [dos escravos]. Este decreto momentoso chegou como grande farol de esperança para milhões de escravos negros queimados nas chamas da injustiça abrasadora. Chegou como o raiar de um dia de alegria, pondo fim à longa noite de cativeiro.

COMENTÁRIO King discursou no Memorial de Lincoln, em Washington, aos pés da estátua de 30 metros de altura em que o presidente aparece sentado; a proclamação de emancipação, a que King se refere, foi um decreto que Lincoln editou em 22 de setembro de 1862, entrou em vigor em 1 de janeiro do ano seguinte e tornou livres todos os escravos do país, mas que não acabou com a escravidão, o que só ocorreu após a ratificação da 13ª emenda à Constituição, em 1865; as diferenças entre a emancipação dos escravos e efetiva abolição da escravatura são temas centrais do filme "Lincoln", de Steven Spielberg.
Mas, cem anos mais tarde, o negro ainda não está livre. Cem anos mais tarde, a vida do negro ainda é duramente tolhida pelas algemas da segregação e os grilhões da discriminação. Cem anos mais tarde, o negro habita uma ilha solitária de pobreza, em meio ao vasto oceano de prosperidade material. Cem anos mais tarde, o negro continua a mofar nos cantos da sociedade americana, como exilado em sua própria terra. Então viemos aqui hoje para dramatizar uma situação hedionda.
Em certo sentido, viemos à capital de nossa nação para sacar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república redigiram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de Independência, assinaram uma nota promissória de que todo americano seria herdeiro. Essa nota era a promessa de que todos os homens, negros ou brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca pela felicidade.
É evidente hoje que a América não pagou esta nota promissória no que diz respeito a seus cidadãos de cor. Em lugar de honrar essa obrigação sagrada, a América deu ao povo negro um cheque que voltou marcado "sem fundos".
Mas nós nos recusamos a acreditar que o Banco da Justiça esteja falido. Nos recusamos a acreditar que não haja fundos suficientes nos grandes depósitos de oportunidade desta nação. Por isso voltamos aqui para cobrar este cheque --um cheque que nos garantirá, a pedido, as riquezas da liberdade e a segurança da justiça.
Também viemos para este lugar santificado para lembrar à América da urgência ferrenha do agora. Não é hora de dar-se ao luxo de esfriar os ânimos ou tomar a droga tranquilizante do gradualismo. Agora é a hora de fazermos promessas reais de democracia. Agora é a hora de sairmos do vale escuro e desolado da segregação para o caminho ensolarado da justiça racial. É hora de arrancar nossa nação da areia movediça da injustiça racial e levá-la para a rocha sólida da fraternidade. Agora é a hora de fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.
Seria fatal para a nação passar por cima da urgência do momento e subestimar a determinação do negro. Este verão sufocante da insatisfação legítima do negro não passará enquanto não chegar um outono revigorante de liberdade e igualdade. 1963 não é um fim, mas um começo.

COMENTÁRIO No verão de 1963, antes da Marcha sobre Washington, o presidente Kennedy enviou tropas da Guarda Nacional para garantir a matrículas de dois estudantes negros na Universidade de Alabama; Medgar Eves, dirigente da Associação Nacional para o Desenvolvimento das Pessoas de Cor, foi assassinado em Mississipi; diversos confrontos violentos entre manifestantes em favor dos direitos civis e policiais ocorreram em cidades do sul dos EUA.
Os que esperam que o negro precisasse apenas extravasar e agora ficará contente terão um despertar rude se a nação voltar à normalidade de sempre. Não haverá descanso nem tranquilidade na América até que o negro receba seus direitos de cidadania. Os turbilhões da revolta continuarão a abalar as fundações de nossa nação até raiar o dia iluminado da justiça.
Mas há algo que preciso dizer a meu povo posicionado no morno liminar que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso lugar de direito, não devemos ser culpados de atos errados. Não tentemos saciar nossa sede de liberdade bebendo do cálice da amargura e do ódio.
Temos de conduzir nossa luta para sempre no alto plano da dignidade e da disciplina. Não devemos deixar nosso protesto criativo degenerar em violência física. Precisamos nos erguer sempre e mais uma vez à altura majestosa de combater a força física com a força da alma.





Nenhum comentário: