sábado, 14 de setembro de 2013

RARA JOIA: BLOG ADMINISTRADO POR PROFESSORES BUDISTAS

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Reencarnação????

Bhavachakra - A Roda Da Vida - demonstra dos Seis Reinos de Existência


Ola amigos do Dharma,

Vamos iniciar nosso blog já com um comentário sobre a chamada do folhetim da Rede Globo. Nas propagandas vemos que há uma mensagem que explicita a crença do budismo na "reencarnação". Nada mais equivocado! Já vemos a partir disso que provavelmente conceitos importantes e básicos de nossa religião já foram distorcidos e contaminados por outras doutrinas alheias, deixando de transmitir a verdade e a consistência dos ensinamentos de Sidarta Gautama aos telespectadores.

O budismo não prega a reencarnação da alma ou de um espírito, ele delineia o renascimento, o fluxo contínuo de nossa consciência. Não estamos aqui falando de um corpo etéreo e sem forma, ou de uma manifestação paranormal, falamos na continuidade dos resultados de nossas ações, de nosso karma. E por isso não há uma identidade definida, nem uma caracterização daqueles que renasce. Mesmo porque Buda nos apresentou vários reinos possíveis nos quais podemos renascer e, assim sendo, não teria como nos caracterizarmos como tal.

Reproduzo aqui um extrato do texto do Venerável Dr. K. Sri Dhammanan, traduzido pelo Dhammacarya Dhanapala (Prof. Ricardo Sasaki) no blog NO QUE OS BUDDHISTAS ACREDITAM:


"Os buddhistas consideram a doutrina do renascimento não como uma mera teoria, mas como um fato verificável. A aceitação da verdade a respeito do renascimento forma um princípio fundamental do Buddhismo. Entretanto, a crença no renascimento não está confinada aos buddhistas; é também encontrada em outros países, em outras religiões e mesmo entre pensadores livres. Pitágoras podia se lembrar de seu nascimento anterior. Platão podia se lembrar de várias de suas vidas anteriores. De acordo com Platão, os seres humanos podem renascer somente até dez vezes. Platão também acreditava na possibilidade de renascimento no reino animal. Entre os povos antigos no Egito e na China, uma crença comum era de que somente as personalidades bem conhecidas, como imperadores e reis, tinham renascimentos. Uma autoridade cristã, Orígenes, que viveu entre 185 e 254 d.C., acreditava no renascimento. De acordo com ele, não há sofrimento eterno no inferno. Giordano Bruno, que viveu no século XVI, acreditava que a alma de todo homem e animal transmigrava de um ser para outro. Em 1788, o filósofo Kant criticou o ensinamento sobre a punição eterna. Kant também acreditava na possibilidade de renascimento em outros corpos celestiais. Schopenhauer (1788-1860), outro grande filósofo, disse que onde a vontade de viver existisse haveria a necessidade de continuidade da vida. A vontade de viver se manifesta sucessivamente sempre em novas formas. O Buddha explicou esta ‘vontade de existir’ como o desejo sedento pela existência. E, claro, os antigos sábios da Índia ensinavam sobre a transmigração de uma alma desde tempos remotos." (para ler o artigo na íntegra clique aqui).
e Venerável Dhammanan continua:


"A doutrina buddhista do renascimento deve ser diferenciada dos ensinamentos de transmigração e reencarnação de outras religiões. Ao contrário do Hinduísmo, o Buddhismo não confirma a existência de uma alma permanente, criada por deus, ou de uma entidade imutável que transmigra de uma vida para outra.
Assim como uma identidade relativa é tornada possível pela continuidade causal sem um Self ou Alma, da mesma forma a morte pode resultar em renascimento sem uma Alma transmigrante. Em uma única vida, cada momento-de-pensamento brilha e se apaga em termos de existência, dando surgimento ao seu sucessor e ao seu perecimento. Estritamente falando, esse momentâneo surgimento e desaparecimento de cada pensamento é um nascimento e uma morte. Dessa forma, em uma única vida passamos por incontáveis nascimentos e mortes a cada segundo. Mas porque o processo mental continua com o apoio de um único corpo físico, consideramos o contínuo mente-corpo como constituíndo uma única vida." (para ler o artigo na íntegra clique aqui).
Sendo assim, não há uma continuidade do corpo ou dos agregados ("skandhas") depois da morte, há somente a continuidade das nossas ações. Uma diferença sutil, mas importante.


Rev. Mauricio Hondaku (@shakuhondaku)
Soryo da Ordem Shinshu Otani-ha
www.amida.org.br

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