Quem se manifesta no Brasil? Jovens, sem partido e estreantes em protestos
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As grandes manifestações que se realizaram na segunda-feira no Brasil, consideradas as maiores das últimas décadas, são apenas contra o aumento dos transportes? Um estudo do Instituto DataFolha sugere que esse é o principal motivo das pessoas que saíram à rua em São Paulo, mas há outras razões (como a corrupção, a violência policial ou os políticos) que estão a mobilizar os cidadãos brasileiros.
Segundo o estudo do DataFolha, citado pelo jornal Folha de São Paulo,
84% dos inquiridos não têm preferência por qualquer partido político,
71% participaram pela primeira vez num protesto e 53% têm menos de 25
anos. Os dados mostram também um maior peso de estudantes (22% entre os
manifestantes, quando representam apenas 5% da população brasileira) e
de pessoas com ensino superior (77% dos que protestam, quando são apenas
22% da população).
O Facebook e a Internet tiveram também um papel importante para estes manifestantes. Segundo a Folha, 81% dos inquiridos souberam da manifestação pela rede social e 85% pesquisaram informação na Internet.Estas estão a ser consideradas as maiores manifestações no Brasil desde 1992, quando muita gente saiu à rua para protestar contra o Governo do então Presidente Fernando Collor de Mello.
Esta vaga de protestos começou a 6 de Junho, contra o aumento das tarifas nos transportes públicos, e prosseguiu nos dias seguintes, com novas mobilizações.
O estudo de opinião da DataFolha procurou também saber os motivos das manifestações. E se é verdade que os transportes concentram os principais motivos dos manifestantes – o aumento do preço do bilhete (56%), a qualidade dos transportes (27%) e o passe gratuito (14%) –, há outras questões a preocupar os brasileiros, como a corrupção (40%) e a violência policial (31%), algo a que não será alheia a actuação da polícia, a 13 de Junho, acusada de uso abusivo de força em São Paulo.
Na segunda-feira, o protesto no Rio foi o mais importante, mobilizando 100 mil pessoas, que ocuparam pacificamente o centro da cidade. Em São Paulo, saíram à rua perto de 65 mil pessoas. E houve também concentrações importantes em Brasília, Maceió, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Curitiba, Belém e Belo Horizonte.
Esta agitação popular coincidiu com o início da Taça das Confederações de futebol, que começou no sábado e serve de teste para o Mundial de futebol que o Brasil organiza no próximo ano (12 de Junho a 13 de Julho). A Presidente Dilma Rousseff foi mesmo vaiada na cerimónia de abertura, no sábado passado.
Embora não estejam referidos no estudo do DataFolha, os gastos nas organizações destes eventos desportivos (a que se juntarão também os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro) estão a ser referidos por alguns manifestantes, nas declarações às agências internacionais.
“Durante muitos anos, o Governo alimentou a corrupção. As pessoas estão a manifestar-se contra o sistema”, disse à Reuters Graciela Caçador, uma vendedora de 28 anos, que esteve na manifestação de São Paulo: “Gastaram milhões de dólares em estádios e nada na educação e na saúde.”
Segundo números do último relatório da organização, citados pela Folha de São Paulo, os custos do Mundial 2014 já ultrapassaram os 26.500 reais (9200 milhões de euros) e estima-se que possam atingir os 33 mil milhões (11.500 milhões de euros). O valor previsto inicialmente era de 23.800 reais (8300 milhões), sendo que o Estado brasileiro (governos federal, estaduais e municipais) assegura 85% do financiamento.
A maior fatia será gasta na mobilidade urbana (3000 milhões de euros), logo seguida pelos estádios (2500 milhões de euros) e aeroportos (2400 milhões). Outras parcelas com algum significado são a segurança (630 milhões de euros), os portos (240 milhões), as telecomunicações (130 milhões) e o turismo (74 milhões de euros).
Os custos com os 12 estádios que vão receber o Mundial 2014 derraparam, passando de 1900 milhões para 2500 milhões de euros.
Manifestações
Veja fotos dos protestos pelo Brasil
Milhares de manifestantes foram as ruas de várias
capitais do Brasil protestar contra a corrupção, gastos públicos na
Copa e em favor de melhorias no transporte público.
18 de junho de 2013 (terça-feira)
Marcello Casal Jr/ABrCidades
Manifestantes furam o bloqueio policial e tomam a área
externa do Congresso Nacional. Durante protesto, cartazes e palavras de
ordem contra políticos do Senado e da Câmara
SERGIO MORAES
Manifestantes furam o bloqueio policial e tomam a área
externa do Congresso Nacional. Durante protesto, cartazes e palavras de
ordem contra políticos do Senado e da Câmara
O mês de junho tem sido marcado pelas
vigorosas manifestações dos brasileiros, insatisfeitos com a situação
geral do Brasil. Da precariedade do caro transporte público aos gastos
aviltantes de dinheiro público com a Copa do Mundo, passando pela
corrupção, projeto de lei de “Cura Gay” e direitos do povo indígena, o
povo foi e continua indo às ruas pedindo por mudanças, após a “gota
d’água” do aumento das tarifas do transporte público em muitas cidades.
Para ilustrar estas manifestações, que
continuam, o site Big Picture publicou uma foto-reportagem que
reproduzimos parcialmente aqui. Para ver a galeria de fotos completa, acesse este link.
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- Manifestantes são refletidos nas janelas de vidro de um prédio à esquerda da avenida em que eles marcham no Rio de Janeiro, em 17 de junho. (Felipe Dana/Associated Press)
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- Policial atira spray de pimenta em manifestante em 17 de junho. (Victor R. Caivano/Associated Press)
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- Manifestante segura bandeira do Brasil em frente a um bloqueio em chamas durante protesto no Rio de Janeiro, em 17 de junho. (Felipe Dana/Associated Press)
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- Manifestante comparece a protesto contra a Copa das Confederações e contra o governo Dilma em Recife, 20 de junho. (Ricardo Moraes/Reuters)
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- Manifestantes entram em confronto com a polícia próximo a um bloqueio que impedia o acesso ao estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, 26 de junho. (Sebastião Moreira/European Pressphoto Agency)
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- Homem pula por pneus em chamas que bloqueavam o acesso ao estádio Mané Garrincha em Brasília, 14 de junho. (Yasuyoshi Chiba/AFP/Getty Images)
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- Índio munduruku faz guarda nos escritórios da FUNAI após entrar no prédio com outros em Brasília, 10 de junho. (Lunae Parracho/Reuters)
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- Bolas de futebol marcadas com cruzes vermelhas são plantadas por membros da ONG Rio de Paz durante protesto na praia de Copacabana no Rio de Janeiro, em 22 de junho. O protesto foi feito para chamar a atenção do governo para a educação, saúde e serviços públicos. (Pilar Olivares/Reuters)
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- Brasileiros assistem ao pronunciamento tardio da presidente Dilma Rousseff em um terminal de ônibus de Brasília, em 21 de junho. (Eraldo Peres/Associated Press)
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- Manifestantes deitam no chão em frente à polícia durante um protesto contra o governo em frente ao Congresso Nacional, 20 de junho. (Eraldo Peres/Associated Press)
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- Manifestantes protestam em Brasília, em frente ao Estádio Mané Garrincha para protestar contra o uso de dinheiro público para financiar a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, em 15 de junho. (Beto Barata/AFP/Getty Images) #
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- Manifestantes protestam em Belo Horizonte, 21 de junho, contra o aumento das tarifas do transporte público e contra o uso de dinheiro público para a Copa do Mund. (Nelson Almeida/Agence France-Presse)
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- Estudantes tentam invadir a Prefeitura de São Paulo em 18 de junho. (Miguel Schincariol/AFP/Getty Images)
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- Manifestantes agiram a bandeira nacional na Avenida Paulista aonde uma multidão se reunia para celebrar a revogação do aumento das passagens de ônibus, metrô e trem, em São Paulo, 20 de junho. (Nelson Antoine/Associated Press)
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- Policial militar atira bomba de gás para dispersar manifestantes em Niterói, em 19 de junho. (Christophe Simon/AFP/Getty Images
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- Mulher recebe atenção médica durante protesto anti-governo em Niterói, em 19 de junho. (Silvia Izquierdo/Associated Press) #
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- Policial ferido após confronto com manifestantes durante protesto no Rio de Janeiro, em 17 de junho. (Felipe Dana/Associated Press)
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- Policiais formam linha em frente a manifestantes durante protestos realizados por estudantes e membros do Movimento Passe Livre, em Brasília, 19 de junho. (Ueslei Marcelino/Reuters)
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- Vândalos saqueiam loja durante manifestações em São Paulo, 18 de junho. (Daniel Guimaraens/AFP/Getty Images)
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- Vândalo olha para caixas eletrônicos destruídos durante manifestação no Rio de Janeiro, em 17 de junho. (Victor R. Caivano/Associated Press)
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- Centenas de milhares de brasileiros protestam contra a corrupção e aumento da tarifa do ônibus no Rio de Janeiro, em 20 de junho. (Oliver Weiken/European Pressphoto Agency
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- Homem caído no chão segura a cabeça após ser ferido por projétil atirado pela polícia durante protesto no Mineirão, Belo Horizonte, em 22 de junho. (Felipe Dana/Associated Press)
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- Policiais atiram bombas de efeito moral em manifestação no Rio de Janeiro, em 20 de junho. (Oliver Weiken/European Pressphoto Agency
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- Manifestantes juntam as mãos ao protestar contra a Copa das Confederações e a presidente Dilma do lado de fora do Congresso Nacional em 17 de junho.(Ueslei Marcelino/Reuters)
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- Manifestantes gritam palavras de ordem contra a Copa das Confederações e o governo de Dilma Rousseff em Brasília, 17 de junho. (Ueslei Marcelino/Reuters)
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